A criança trazida ao consultório
por um comportamento inadequado, está tentando através de tal comportamento,
nos mostrar que no mundo caótico em que vive, precisa encontrar uma maneira para
suportá-lo e por isso atua de forma não convencional, como se quisesse dizer:
“Olha, eu estou tentando sobreviver neste mundo. Isso é o melhor que eu posso
fazer, neste momento”.
Será que temos o direito de
rotulá-la, chamá-la de doente? Podemos dizer que esta criança é uma criança
problema, ou uma criança agressiva, ou uma criança com distúrbio de
comportamento e etc...? Ou devemos crer que esta criança é muito corajosa por
estar pelo menos tentando, do seu jeito, ser-no-mundo?
Ver a criança tal como ela se
apresenta, tal como ela está diante de você, e auxiliá-la no processo de
encontrar-se consigo mesma, é a finalidade da ludoterapia infantil.
As crianças, geralmente, diferem
na maneira de representar ou verbalizar seus problemas.
No meio terapêutico o que melhor
atende às crianças pequenas é o brinquedo. Na ludoterapia o termo brinquedo não
tem a conotação visual do significado recreativo, e sim, é equivalente a
liberdade para agir e reagir, reprimir e exprimir, suspeitar e rejeitar. A
ludoterapia fornece dois meios de catarse: o brinquedo e a verbalização. Com
isso a criança poderá utilizar a forma de expressão simbólica que melhor atenda
às suas necessidades.
Deve-se salientar que a catarse é
sempre baseada em relacionamentos. Ela ocorre apenas quando existe a confiança
entre a criança e o terapeuta. Apenas numa atmosfera segura as crianças sentem
segurança para regredir e reviver emoções primitivas num contexto construtivo.
Retornamos falando da criança, e
ainda por dois dias vamos falar da psicoterapia infantil na prática.
MARIA LÚCIA
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