Ontem andava pelas ruas da cidade
em que moro e via uma cena que acompanho de perto desde 1980, ano em que me
formei no curso de especialização para ministrar aulas no pré-escolar, agora
chamado Educação Infantil.
Durante todo o ano e ainda nos
três anteriores enquanto fazia o curso normal ouvia meus professores falando da
semana de adaptação para as criancinhas pequenas.
Em janeiro de 81 já em meu
primeiro emprego em uma creche, percebia que elas tinham muita razão, afinal
mães, pais e avós chegavam aos colégios com uma “necessidade” enorme que seus
filhinhos tão pequenininhos esperneassem pedindo para não ficar ali naquele
lugar “horrível” onde encontrariam outras crianças e poderiam de fato ser
crianças.
Claro que muitas crianças
choravam e não queriam ficar, pois é natural que não consigam entender no
primeiro dia que “mamãe (papai ou vovó) está me deixando aqui, mas mais tarde
virá me buscar”, mas o que presenciei de responsáveis indo e voltando na
esperança que o seu “bebê” em uma última olhada descobrisse que estava sentindo
uma falta enorme daquela mão conhecida e desabasse a chorar, foi muito mais do
que o número de crianças que realmente precisaram de ajuda para ingressar no
colégio.
Este ano não foi diferente, as
ruas da cidade estavam repletas de mães, na maioria dos casos, acompanhadas de
pais ou de avós levando seus filhos pequenos para suas escolas em seu primeiro
dia de aula. As crianças iam felizes puxando suas mochilinhas multicoloridas e
os adultos que cruzarem por mim, sem exceção falavam de como estavam “torcendo”
para que “fulano” não tivesse problemas para ficar na nova escola.
Como sempre torci para que no
final do período de adaptação os pais já pudessem confiar que seus filhos
também conseguem ser felizes quando não os têm por perto e que embora os amem
muito são indivíduos e terão vidas independentes das de seus pais.
MARIA LÚCIA
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